ISSN: 1679-4427 | On-line: 1984-980X

Relato de experiência: implantação de um núcleo de atenção psicossocial em uma universidade pública

Experience report: implementation of a psychosocial care center in a public university

Informe de experiencia: implantación de un centro de atención psicosocial en una universidad pública

Taize de OliveiraI; Vera Lucia Messias Fialho CapelliniII; Edson Olivari de CastroIII

DOI: http://www.dx.doi.org/10.5935/1679-4427.v14n26.0006

I. Mestra e doutoranda em Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem - UNESP/Bauru. https://orcid.org/0000-0002-0227-772X
II. Professora titular do Departamento de Educação; vice-diretora da Faculdade de Ciências - UNESP/ Bauru. https://orcid.org/0000-0002-9184-8319
III. Professor assistente do Departamento de Psicologia - UNESP/Bauru. https://orcid.org/0000-0002-0834-0363

Resumo

O contexto universitário tem se tornado objeto de muitas pesquisas que correlacionam exigências acadêmicas e contextos socioeconômicos como fatores de risco e redes sociais e acesso a rede de atenção psicossocial como fatores de proteção para a saúde mental. Este estudo foi baseado nos sete meses iniciais de implantação de um Núcleo Técnico de Atenção Psicossocial (NTAPS) em contexto universitário, projeto piloto que se transformou em projeto estruturado. A implantação do projeto e o estudo sobre a importância de atenção voltada à saúde mental no contexto universitário (e que essa deva ser alcançada em sua condição extensa, com ações preventivas e outras de atenção) ressalta a importância de intervenções grupais para o alcance mais intensivo da população universitária e que promova em conjunto habilidades sociais que também são protetivas.

Palavras-chave: Saúde mental; Universidade; Atenção psicossocial; Permanência estudantil.


Abstract

The university context has become the subject of much research that correlates academic demands and socio-economic contexts as risk factors and social networks and access to the psychosocial care network as protective factors for mental health. This study was based on the initial seven months of implementation of a Technical Nucleus for Psychosocial Care (NTAPS) in a university context, a pilot project that became a structured project. Concludes about the importance of attention to mental health in the university context and that this should be achieved in its extensive condition, with preventive and other actions of attention, emphasizing the importance of group interventions to reach the university population more intensively and that together promotes social skills that are also protective factors.

Keywords: Mental health; University; Psychosocial attention; Student's staying program.


Resumen

El contexto universitario se ha convertido en objeto de numerosas investigaciones que correlacionan las demandas académicas y los contextos socioeconómicos como factores de riesgo y las redes sociales y el acceso a la red de atención psicosocial como factores protectores de la salud mental. Este estudio se basó en los siete meses iniciales de implementación de un Núcleo Técnico de Atención Psicosocial (NTAPS), en contexto universitario, un proyecto piloto que se convirtió en un proyecto estructurado. Concluye sobre la importancia de la atención a la salud mental en el contexto universitario, y que esta debe lograrse en su condición extensiva, con acciones preventivas y otras de atención, enfatizando la importancia de las intervenciones grupales para llegar de manera más intensiva a la población universitaria y que en conjunto promueve habilidades sociales que son protectoras.

Palabras clave: Salud mental; Universidad; Atención psicosocial; Estancia estudiantil.

 

INTRODUÇÃO

Diferentes perspectivas da Psicologia têm apontado para o fato de que as mudanças decorrentes da entrada dos jovens na vida universitária têm funcionado como fonte de ansiedade, angústia e mesmo de sofrimento mental. A diferença no curso de desenvolvimento humano é nítida em alguns desses momentos transitórios e demandam maior plasticidade nas relações e flexibilidade para lidar com as transformações que são vividas. Entrar em uma primeira graduação, para a maioria dos jovens, pode ser uma ocasião promotora de mudanças de cultura, justamente por ser um momento de exigências e também permite novas experiências nesse ambiente social inédito. A Psicologia pode contribuir com a saúde de jovens universitários por meio da atenção psicossocial, campo de saber compreendido no presente artigo na perspectiva de Amarante (2007, p. 88) como cuidados que "devem sair da sede do serviço e buscar na sociedade vínculos que complementem e ampliem recursos existentes" e "[...] que possibilitem o acolhimento de pessoas em crise, e que todas as pessoas envolvidas passam ser ouvidas, expressando suas dificuldades, temores e expectativas" (p. 84).

Pode-se compreender que uma classe importante de comportamentos iniciais presentes no contexto universitário é caracterizada como habilidades sociais. São comportamentos tais como: iniciar e manter uma conversa; receber e fazer críticas sem viver a experiência como destrutiva; expressar sentimentos; fazer pedidos, entre outros. O contexto universitário exige um exercício mínimo dessas habilidades para que o aluno consiga se relacionar e participar da vida acadêmica e social que esse novo universo oferta. Na medida em que esse contexto demanda, ele também oferta condições para que tais habilidades se desenvolvam enquanto frequência e qualidade, tornando o comportamento mais próximo de uma habilidade. No entanto, muitos universitários não chegam preparados para se integrarem ao contexto e iniciam sua trajetória acadêmica tendo exercitado pouco essas habilidades sociais, ou são provenientes de um contexto familiar que pouco promoveu a autonomia demandada no novo meio, ou seja, o estudante se encontra numa situação que pode adoecê-lo por questões de modalidades escassas em termos de enfrentamento das novas dificuldades (BOLSONI-SILVA; LOUREIRO, 2015).

O percurso do desenvolvimento de enfrentamentos na universidade acarreta em diferença substancial de quem, em momento anterior, teve possibilidade de ampliar esses modos de relação, posto que o ambiente universitário pode ocasionar sentimentos de desamparo, principalmente quando associado a um distanciamento da família. Pensando nos enfrentamentos como respostas frente a uma situação que exige resolução, pode-se compreender que o medo de perder o que já se tem (marcos referenciais prévios – identitários ou de savoir vivre –, benefícios secundários de relações estereotipadas ou sintomáticas, adaptações passivas às situações de enfermidade, carências etc.) ou o temor frente ao desconhecido (que pode ser vivido como perigoso e diante do qual se sente que não está instrumentalizado o suficiente para manejar o novo arranjo existencial, provocando a mobilização de defesas de todo tipo), funcionam como obstáculos epistemofílicos, quer na apreensão de novos saberes acadêmicos, quer na aquisição de modos de relação inéditos, embora cotidianos nesse universo no qual os ingressantes são convocados a viver. (PICHÓN-RIVIÈRE, 1994).

Tem-se verificado em meio aos graduandos de diversas universidades brasileiras dificuldades de natureza psicoafetiva e emocional (FONAPRACE, 2014; CERCHIARI; CAETANO; FACCENDA, 2005; COSTA; MOREIRA, 2016). E não apenas nos anos iniciais, mas também nos anos próximos ao encerramento desse ciclo: o ambiente universitário pode ser um contexto em que um sujeito se des-envolve positivamente, ou seja, no sentido da expansão de sua potência, ou pode ser um contexto em que adoece na medida em que não consegue acompanhar, não respondendo às novas demandas do período. Seja por déficits, por dificuldades ou por experiências diversas promovidas – tais como exigências de realização de leituras especializadas e trabalhos acadêmicos, vividas como excessivas etc. – a universidade é local com potencial para promover condições que afetam a saúde mental de quem nela está inserido. Quer essas transformações sejam positivas ou negativas, ambas podem mudar o rumo do desenvolvimento ulterior de cada um de seus partícipes. Desse modo, entendemos que a saúde mental no contexto universitário é discussão já posta: dados do estudo de Pinho (2016), por exemplo, demostram quadros alarmantes de déficits de habilidades sociais, seguida de transtorno depressivo e transtorno de ansiedade, mesmo considerando apenas os que procuram ajuda – já que muitos não a buscam e podem ter comprometimento ainda maior do que aqueles que se expuseram1 . Estudantes universitários enfrentam problemas comuns de saúde mental, como depressão, ansiedade e estresse, além de má qualidade do sono (ZOCHIL; THORSTEINSSIN, 2018).

Os relacionamentos interpessoais, tanto os internos à universidade quanto os externos a ela (em repúblicas, grupos de pares, família), desde que se caracterizem como "bons encontros" (ESPINOSA, 2009) para os indivíduos, podem ser fatores de proteção para a saúde mental. No entanto, déficits e dificuldades nessas relações, as ditas relações não saudáveis, tóxicas ou inexistentes, podem configurar fator de risco para quadros de adoecimento psíquico, contribuindo negativamente para a saúde mental (VILLAS BOAS; SILVEIRA; BOLSONI-SILVA, 2005; BOLSONI-SILVA, 2009; ROCHA; BOLSONI-SILVA; VERDU, 2012; GARCIA; BOLSONI-SILVA; NOBILE, 2015; ORTI, SOUZA-GIROTTI, BOLSONI-SILVA, 2015; MORETTO, BOLSONI-SILVA, 2019, 2021).

Pereira et al. (2013) discorrem sobre a possibilidade de os relacionamentos positivos contribuírem, nos âmbitos "desenvolvimental e clínico". As autoras ainda destacam como o estilo de vida e a saúde física podem atuar como fatores de risco ou proteção para uma saúde mental mais estável dos universitários, o que ressalta a importância de ações que os incentivem a agirem de maneira mais engajada na promoção da própria saúde geral. Vale ainda a ressalva de que muitos não investem em práticas voltadas a uma melhor qualidade de vida devido à própria rotina universitária que congrega muitas tarefas e exigências e, por vezes, devido a aspectos relativos à falta de acesso por escassez de recursos financeiros e materiais.

O contexto universitário por si só é múltiplo e diverso com inúmeras possibilidades de experiências, mas nem todas positivas. A ocorrência do trote, por exemplo, que ainda se faz tradição em algumas universidades, agrava as condições emocionais, principalmente quando são violentos (LIMA et al., 2017). As exigências acadêmicas – além das já mencionadas, há ainda os conflitos decorrentes da participação em órgãos colegiados, por exemplo – podem ser fatores relevantes para processos de adoecimento de universitários, principalmente quando estes apresentam dificuldades de organização de tempo e monitoramento de suas próprias tarefas; exposição às críticas e modos de lidar com conflitos etc. Quanto a tais enfrentamentos, Brandão et al. (2017) indicam a necessidade de atuação em termos de propostas que incentivem e promovam a saúde mental já nos anos iniciais de inserção na graduação, como fator de proteção para lidar com situações futuras, tais como a pressão para formar-se bem e partir para o mercado de trabalho.

Ações interventivas na universidade que caminhem na direção de uma promoção de saúde mental e que ampliem as possibilidades de desenvolvimento pessoal e coletivo se mostram necessárias para a construção de um bem-estar no ambiente acadêmico e, consequentemente, na vida pessoal de cada partícipe. Logo, as ações nessa conjuntura devem priorizar propostas que promovam a discussão e o desenvolvimento das potências do ser estudante para que, dessa maneira, a universidade atue de fato cumprindo seu compromisso social de contribuir com a sociedade, tanto em termos de aprimoramento da cidadania quanto em inovações técnicas e sociais. Vale ainda a ressalva de que o cenário universitário não se restringe aos cursos de graduação e seus discentes, pois estudos recentes têm indicado alto índice de sofrimento mental também em pós-graduandos e docentes universitários, principalmente decorrentes das altas exigências de produtividade, burocratização e retrabalho (GRADELLA JÚNIOR, 2010; LIMA; LIMA FILHO, 2009; LOUZADA FILHO, 2005).

Diante desse cenário, entende-se que o staff universitário deve reconhecer e acolher as demandas de atenção psicossocial de seus atores e nelas intervir como meio de construir um ambiente que de fato favoreça o desenvolvimento do ser humano. Dessa forma, o presente estudo tem como objetivo relatar a experiência da implantação de um Núcleo Técnico de Atenção Psicossocial (NTAPS), voltado inicialmente para alunos do Programa de Permanência Estudantil (PPE), em um campus de uma universidade pública do interior paulista e que, após quatro anos, se ampliou para outros campi. A proposta é relatar o modelo inicial do núcleo, com baixos recursos e muitas demandas.

 

MÉTODOS

O método utilizado no estudo foi o cartográfico, que se caracteriza como "mapeamento da experiência fática" durante e por ocasião da implantação e implementação de um Núcleo Técnico de Atenção Psicossocial em um dos campi de uma universidade pública do interior paulista. Esse artigo, portanto, caracteriza-se como um relato de experiência.

O projeto inicial foi elaborado pelas vice-diretorias das unidades de um dos campi da universidade, visando a ações de assistência voltadas para alunos do Programa de Permanência Estudantil (PPE). Deste modo, o projeto não requereu submissão ao comitê de ética por não se caracterizar como pesquisa, não envolver dados identitários, mas a descrição de uma ação de gestão, seu contexto, suas razões e seus efeitos.

 

CARACTERIZAÇÃO DA UNIVERSIDADE

A universidade na qual se deu a implantação do Núcleo Técnico de Atenção Psicossocial (NTAPS) está situada no interior do estado de São Paulo. Atualmente ela é composta por três unidades universitárias que oferecem diversos cursos de graduação e pós-graduação. As três unidades se subdividem a partir das seguintes categorias: uma das unidades é voltada para engenharias; a segunda para ciências humanas, biológicas e exatas, e a terceira congrega artes e comunicação. O campus ainda conta com cerca de 420 docentes, aproximadamente 490 servidores e o número de alunos ultrapassa os 7.000. Cabe destacar que, nesse ano, chegou-se a 50% de alunos ingressantes oriundos dos programas de cotas: egressos de escolas públicas, população negra etc.

Nos anos de 2017 e 2018 ocorreram dois suicídios de discentes participantes do PPE, que congrega alunos que recebem auxílio socioeconômico para se sustentarem na universidade, ou seja, oriundos de classe econômica baixa, com dificuldades agudizadas pela sua suscetibilidade econômica, cultural e educacional, conforme dados verificados pela assistência social da universidade. Os suicídios ocorreram no segundo semestre de 2017 e no primeiro semestre de 2018 – transcorreu-se, portanto, um período menor que um ano entre eles. Nesses mesmos dois anos, outros discentes tiveram que ser afastados de suas atividades acadêmicas, seja por quadros específicos de saúde mental ou por tentativas de suicídio. Dentre os comprometimentos de saúde mental notado estava o aumento de trancamento de matrículas por questões de saúde mental, o aumento de relato dos docentes sobre questões emocionais e aumento da procura de serviços de Psicologia no Centro de Psicologia Aplicada, o qual possui fila de espera, pelos universitários. Logo, tornou-se premente a tomada de providências.

 

PERCURSOS E RESULTADOS

A implantação do núcleo: como se deu?

Antes de tudo é necessário caracterizar o que era o empreendimento. O Núcleo Técnico de Atenção Psicossocial teve como projeto e proposição inicial atender alunos com demandas de saúde mental que os estavam prejudicando academicamente e realizar intervenções breves para que conseguissem permanecer nos cursos e com disposição favorável à vida universitária. O objetivo era de intervenções clínicas de curto prazo, caracterizadas como atuação psicoterapêutica breve e focadas em queixas mais restritas a rendimento acadêmico e dificuldades nesse contexto em interações e adaptação a essa fase estudantil.

O Núcleo começou como uma propositura de intervenção apenas aos alunos do PPE, considerados como discentes em condições mais vulneráveis de adoecimento devido, principalmente, aos fatores socioeconômicos e conflitos, muitos deles, relativos a se manterem numa universidade pública em cidade distante da sua de origem. A primeira divulgação do trabalho que seria realizado ocorreu nas listas de alunos daquele programa, via e-mail institucional. A procura pelo Núcleo ocorreu já no mesmo dia de divulgação, sendo que alguns alunos responderam pedindo mais informações sobre a proposta e outros já com o objetivo de agendar uma entrevista inicial.

O NTAPS logo tornou-se conhecido e demandas de atendimento oriundas de discentes externos ao PPE começaram a chegar. Estenderam-se, então, os atendimentos para todos os discentes, das três unidades situadas no campus em questão. O projeto piloto foi realizado no período de junho a dezembro de 2018, contando com o suporte dos técnicos administrativos e da estrutura física do Centro de Psicologia Aplicada, além do apoio de docentes do Departamento de Psicologia que supervisionaram casos atendidos por alunos quintanistas voluntários.

Os casos atendidos no início seguiam uma fila de espera a partir do contato feito, ou seja, dependendo de qual era sua posição ao entrar em contato. Em um mês, o número de procura aumentou e casos graves foram surgindo a ponto de não ser mais possível mantê-los em espera e atender as queixas mais moderadas na ordem da fila. Nesse momento mudaram-se os critérios de preferência para receber o atendimento, não importando a ordem de contato com o núcleo, mas sim a urgência das demandas levantadas na triagem social e posterior triagem psicológica. Os casos de automutilação, ideações suicidas, violências e abusos tiveram prioridades, sendo caracterizados como urgentes e logo foram encaminhados para atendimento.

Caracterização da equipe

A equipe do núcleo contou com duas psicólogas, uma assistente social, oito estagiárias de Psicologia e duas estagiárias de Serviço Social, além da coordenação e da vice-diretoria de uma das unidades do campus. Como houve o apoio do Departamento de Psicologia e do Centro de Psicologia Aplicada, contou-se com a participação de três docentes do departamento que supervisionaram casos atendidos pelos estagiários quintanistas da Psicologia. Contou-se também com o apoio do psicólogo titular do CPA que também supervisionou alguns estagiários. Vale destacar que enquanto suporte físico e técnico, o CPA foi fundamental nesse processo, pois foram disponibilizadas salas para atendimentos, instrumentos de avaliação psicológica e serviços de secretaria.

A carga horária e a caracterização da atividade dos envolvidos diretamente no núcleo, ou seja, sem incluir os professores do Departamento de Psicologia que supervisionaram os quintanistas voluntários, podem ser observadas no Quadro 1:

 

 

As bolsas, nesse momento inicial, foram possibilitadas a partir de um rateio do orçamento e das despesas, dividindo o valor semestral entre as três vice-diretorias das unidades que compõem o campus.

Caracterização dos alunos atendidos

Foram triados pela Assistência Social um total de 82 alunos, sendo que 38 foram triados também pela Psicologia e, destes, 27 passaram por psicoterapia breve/focal ou psicoterapia sem limitação de tempo ou foco (KNOBEL, 1986). A redução do número de triagem por etapas se deu a partir da desistência de aluno pelo serviço – ou evasão. Em 2018 deu-se alta do tratamento para cerca de 12 desses, tendo os outros 15 alunos demandas que foram trabalhadas no ano de 2019. Nos anos de 2019 e 2020 o projeto seguiu em caráter estruturado, com atendimentos realizados a toda a comunidade universitária, com fila de espera com estimativa média de três meses para atendimento, em modelo de atenção breve e projetos de prevenção. Devido à crescente fila de espera o núcleo se expandiu e buscou definir atendimentos breves, com sete atendimentos e contou com o suporte de pós-graduandos que aumentaram a equipe (OLIVEIRA et al., 2021).

O ano de 2018 – período privilegiado na narrativa desse relato – terminou com os 15 alunos que não encerraram seus processos terapêuticos e outros 14 alunos que manifestaram interesse e aguardavam para iniciar atendimento terapêutico. Ao longo dos anos o número de procura dos alunos foi ampliando devido ao núcleo ampliar a oferta a toda a comunidade. No período de junho a dezembro de 2018, em que o projeto piloto se estendia apenas aos universitários da residência universitária, a situação era a seguinte, conforme exposto na Figura 1.

 

 

Desse número total de 52 alunos, 18 não eram do PPE, ao contrário dos outros 34, sendo esses últimos aqueles a quem foi, inicialmente, dada preferência de atendimento. Como afirmado, o núcleo foi implantado em um campus que contempla três unidades (faculdades) distintas, nomeadas abaixo de Unidade 1, 2 e 3: uma unidade voltada para cursos de ciências; outra unidade de cursos de engenharia e outra de artes e comunicação. O número de alunos oriundos das unidades se dividiu conforme representação na Figura 2, com seis alunos na Unidade 1, 20 alunos da Unidade 2 e 26 alunos da Unidade 3.

 

 

No que tange ao tempo de universidade, a amostra se caracterizou com média de dois anos na graduação e desvio padrão de 1,04. A distribuição da amostra em frequência, referente ao ano em que o discente está matriculado na graduação, pode ser observada na Figura 3, 15 alunos estavam no primeiro ano, 11 no segundo, 18 no terceiro, sete no quarto e um no quinto.

 

 

Quanto à caracterização dos estudantes por curso, o campus possui vinte e cinco cursos de graduação e foram atendidos alunos de dezesseis deles – alunos dos outros 09 cursos não buscaram o NTAPS no primeiro semestre de funcionamento dele, mesmo que a divulgação do núcleo tenha sido realizada a todos os cursos do campus. O curso com maior número de alunos foi Jornalismo, com onze participantes, seguido pelo de Design, com 07 participantes. A distribuição de alunos atendidos por curso pode ser observada na Figura 4.

 

 

Os dados apresentados, por serem gerais e não nominais, não ferem o contrato de sigilo estabelecido com os alunos atendidos no NTAPS. Outrossim, tais dados descritivos gerais se mostram importantes na medida em que podem auxiliar em discussões a respeito do lugar social da profissão, da organização de cursos e anos acadêmicos que possam estar correlacionados com algumas condições propiciadoras de sofrimento mental ou baixo aproveitamento acadêmico, além de indicar em quais contextos devem-se priorizar intervenções preventivas.

Principais demandas

Dentre as principais demandas visualizadas nos alunos que participaram da implementação piloto do NTAPS, foram identificados os seguintes fatores de risco que podem contribuir para um adoecimento dos alunos: a) baixo repertório de habilidades sociais ou atitudes de resistência à mudança – se tomarmos uma ou outra perspectiva teórica –, o que se estendia tanto para o contexto universitário quanto para o social e o familiar; b) baixa identificação de rede de apoio e pontos de suporte emocional; c) dificuldades quanto à organização para o trabalho acadêmico; d) questões derivadas de situações socioeconômicas/financeiras; e) dificuldades nos relacionamentos com docentes da instituição e f) sintomas de ansiedade generalizada, principalmente frente a exigências acadêmicas, sociais e profissionais.

Os dados, por si, justificam a própria implantação do projeto e as demandas identificadas foram trabalhadas de acordo com a proposta de melhorar a qualidade de vida e bem-estar no contexto universitário, atrelada às demandas socioculturais, tais como as relações interpessoais e as questões profissionais. Embora tenha sido ainda disponibilizado apenas para discentes, o projeto visa a ampliar-se para toda a comunidade acadêmica, mas de maneira processual e dentro das possibilidades tanto orçamentárias quanto de espaços abertos pela sensibilidade e disponibilidade da direção geral da universidade.

Em uma primeira avaliação, a implantação se mostrou bem sucedida na medida em que teve grande adesão de discentes e compromisso da equipe de profissionais e voluntários, e que contou com casos de alta devido à melhora nas queixas iniciais. Os casos que não tiveram muita adesão foram desligados pelo critério de faltas (quantidade) e, como as inscrições não foram interrompidas, uma fila de espera foi sendo formada e um andamento se fez necessário. Em apenas um dos casos ocorreu desistência da terapia sem que o aluno atendido tenha apresentado qualquer justificativa, ressalta que a desistência não implica em negativa de retorno de inscrição do aluno e que o aluno foi comunicado que poderia voltar a se inscrever a qualquer momento.

Os casos que não tiveram alta e que ficaram para darem continuidade ao atendimento no ano de 2019, são os que entraram com queixas iniciais urgentes e que demandavam maior atenção, não sendo possível, nesses casos, a realização de psicoterapia breve. No início de 2019, já no mês de janeiro, o núcleo realizou atendimentos psicológicos no formato de plantão, inspirado em Doescher e Henriques (2012), quer para alunos triados anteriormente quer para os ainda não triados pelo serviço social. Os plantões tiveram o formato de atendimento pontual a demandas espontâneas, porém em alguns casos se prolongaram os atendimentos e estes entraram para a fila de espera, de modo que esses plantões funcionaram também como triagem.

É ainda importante destacar que a proposta do núcleo ao longo de seu processo de implantação e implementação sofreu alterações importantes. Inicialmente o objetivo era prioritariamente interventivo, contudo, a trajetória foi indicando a necessidade de projetar e realizar ações mais gerais, de promoção e prevenção de saúde geral e mental, ampliando assim, o seu alcance.

Discussão e Desdobramentos

A implantação do núcleo em sua versão piloto foi importante para a identificação de demandas de promoção e prevenção em saúde, geral e mental, que operassem como fator de proteção para o partícipe do contexto acadêmico, além de possibilitar a adequação de uma estrutura positiva para o corpo da equipe técnica no ano seguinte: um local que funcionasse como central e ponto de referência a quem quer que buscasse recursos dessa natureza.

Dentre esses aspectos, o núcleo projetou a contratação de psicólogos para atuarem em diferentes frentes: a) promoção/prevenção em saúde e b) cuidado/intervenção. Propôs-se a realizar a primeira com ações mais pontuais e processuais no campus (relacionadas a lazer, esporte e cultura) buscando a criação de redes de suporte afetivo-emocional, discussão de elementos que contribuam para o bem-estar na academia etc. Nessa linha, planejou-se também a continuidade no núcleo de uma gama diversificada de atividades, tais como: aulas de violão, teatro, yoga, capoeira e dança circular; palestras e grupos de discussão sobre redução de danos; cineclube com debates temáticos, entre vários outros, além da criação de espaços próprios nas redes sociais e de canais de comunicação coletiva, investindo na psicoeducação.

Já na segunda frente, dois movimentos foram projetados: como era de se esperar, o núcleo permitiu o estreitamento dos vínculos com os equipamentos de saúde geral e especializados em saúde mental do município – pertencentes ao Sistema Único de Saúde (SUS), além dos demais serviços-escolas presentes na cidade: há outros 04 cursos de Psicologia (de instituições privadas, confessionais ou não) que dispõem de clínica psicológica onde é oferecido atendimento gratuito à população. Uma lista de referências (panfleto com endereços, telefones para contato, tipos e horários de atendimentos etc.) foi distribuída pelos painéis de comunicação do campus para que toda a comunidade universitária tivesse fácil acesso.

Outrossim, formata-se presentemente para atuar apenas em casos emergenciais que necessitem de um acolhimento imediato e escuta terapêutica mais específica, assim como para encaminhamentos mais apropriados para os espaços de cuidados fora da universidade.

Mesmo que nenhum motivo interno à universidade seja causa isolada de problemas de saúde mental, a confluência de questões – tais como solidão (afastamento da família e/ou ausência de grupo de pares); situações de bullying e discriminação por força de preconceitos de qualquer ordem (frequentes principalmente nas situações de trote); crise do modus vivendi por perda de referências (também do equilíbrio estudo/lazer) e falta de significados (do esforço dispendido etc.); aproximação entre os ambientes da universidade e do mercado de trabalho (competição predatória) etc. – junto a outras situações estressantes já mencionadas podem culminar em agravos e comprometimentos mais sérios, não devendo a universidade ficar alheia a essa situação.

O contexto acadêmico deve ser cenário que promova o desenvolvimento humano e ações que visem a melhorar as condições psicossociais nesse meio podem contribuir para o processo de desenvolvimento dos jovens que tiveram acesso à universidade pública, de modo que tal processo não seja aviltado por dificuldades da vida universitária, sejam estas de dimensões socioeconômicas ou psicossociais.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Só foi possível a concretização do NTAPS como projeto-piloto a partir do apoio das estagiárias e dos docentes que se dispuseram a supervisioná-las – cabe destacar os ótimos feedbacks dados às diretorias das unidades pelos alunos que tiveram a oportunidade de serem atendidos.

O NTAPS teve continuidade nos anos posteriores e, atualmente, vigora em caráter estruturado, mas aberto a alterações. Nos anos subsequentes ao seu início enfrentou modificações no quadro de colaboradores que foi ampliado, bem como nas estratégias de acolhimento, triagem e encaminhamento. Oliveira et al. (2021) abordam sobre o atual modelo estruturante do núcleo, ações de promoção da saúde e preventivas foram somadas às de atenção e cuidado, o que possibilitou maior alcance da comunidade acolhida. A intenção de atender o maior número de alunos e auxiliá-los, colocando-os em contato com a rede municipal de atenção à saúde mental (os Centros de Atenção Psicossocial - CAPS) e demais equipamentos afins (clínicas-escola), implicou em comunicação mais orgânica com as instituições locais para melhor distribuição e atendimento das demandas.

A ênfase deslocou-se do atendimento individual – que, embora necessário para diferentes casos, não se constitui na principal estratégia no contexto da universidade, dada a enorme demanda que tem surgido – para as ações de prevenção e promoção da saúde envolvendo o coletivo, na perspectiva da corresponsabilização de toda a comunidade, por meio de lives, campanhas, atendimentos grupais e oficinas (OLIVEIRA et al., 2021). Nesse sentido, é fundamental também, que o trabalho grupal seja prioritário, quer nessas ações, quer nas situações de intervenção propriamente ditas, ou seja, com propostas de atendimento grupal, quiçá na perspectiva do "suporte por pares" (COWIE; WALLACE, 2000), grupos operativos ou ainda outra abordagem de trabalho terapêutico grupal – muitos deles não exata e necessariamente psicoterápicos.

O presente relato cumpriu sua função de apresentar a cartografia do percurso da implantação e implementação, numa universidade pública, do projeto piloto de um núcleo de atenção psicossocial (NTAPS) voltado a atender os discentes que espontaneamente a ele recorressem, bem como descrever seus percalços e êxitos, além de identificar as principais demandas no primeiro momento e a partir de sua oferta e emergência. Essas últimas corroboraram os principais trabalhos atuais sobre as demandas em saúde mental na universidade.

Planejou-se, ao acompanhar o caminho trilhado, a continuidade do projeto não apenas devido aos feedbacks positivos de alunos e docentes sobre suas potencialidades, mas principalmente por entender que a universidade pode tornar-se um ambiente mais acolhedor e agenciar demandas por uma vida (universitária) mais saudável. O cuidado de olhar para os alunos, dar-lhes uma escuta aberta, menos engessada por estereótipos (problemático, desistente, deficitário) e acolhê-los, vai além da escuta social e psicológica, envolvendo também os projetos políticos pedagógicos dos cursos, as práticas em sala de aula, a promoção de convivência social em situações de lazer e cultura no interior do próprio ambiente universitário e se dá também pela implementação de ações preventivas para além das de atenção – finalidade dos equipamentos de saúde mental –, tais como rodas de conversa nas quais se tematiza questões contemporâneas, discussão sobre os cenários atuais em que a vida se desdobra, horizontes do exercício da cidadania etc. E é com esta proposta que o núcleo objetivou e objetiva continuar: o presente relato buscou evidenciar o contexto inicial, de identificação da demanda e formulação do núcleo como enfrentamento para questões de saúde mental emergentes no contexto universitário. Desta forma, ressalta-se que a proposta de um Núcleo Técnico de Atenção Psicossocial teve seu início configurado em atendimentos psicológicos breves, o que não compreendia a proposta de atenção psicossocial, mas que atualmente o NTAPS é vinculado com outros projetos, contribuindo com a ampliação de recursos de saúde mental e serviços que atendem universitários e faz um trabalho de prevenção em pelo menos 23 campi.

 

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1. Em 2017 também houve intensa movimentação que repercutiu na grande mídia que foi a criação da Frente Universitária de Saúde Mental (FUSM), na qual se juntaram estudantes de diversas instituições brasileiras e que iniciou uma campanha através da #nãoénormal, que pode ser conhecida tanto por canais no Youtube® como por vídeos e textos de sua página na rede social Facebook®: https://www.facebook.com/pg/frentedesaudemental/about/?ref=page_internal.

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