ISSN: 1679-4427 | On-line: 1984-980X

Editorial

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DOI: http://www.dx.doi.org/10.5935/1679-4427.v14n26.0001

 

Prezados leitoras e leitores,

A Revista de Saúde Mental e Subjetividade do UNIPAC chega à edição de número 26 reforçando sua intenção de incluir, entre outros temas afins, artigos voltados para as reformas em saúde mental no cenário nacional. A Revista não hesita em acolher autores que mostram e demonstram, através de suas pesquisas, por um lado os retrocessos e os perigos que assombram a Reforma da Saúde Mental no Brasil e, por outro lado, apontam soluções e relatos bem sucedidos nesse campo. Neste número, o assunto é abordado em diferentes perspectivas.

No que concerne ao aspecto basilar da formação de profissionais que atuam na área, Oliveira Silva e Pimentel apresentam uma análise documental sobre a formação e a educação continuada de profissionais de saúde que atuam em Centros de Atenção Psicossocial a usuários de álcool e drogas. As autoras apontam fragilidades e avanços do sistema, tanto ao nível do ensino superior em saúde, quanto na educação permanente oferecida.

Chaves et al ("Recorte Temporal dos Desafios para Implementação da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) no Brasil") abordam, através de uma revisão sistemática da literatura, assuntos como a articulação da rede/efetivação do apoio matricial; recursos materiais e humanos; dentre outros. Discutem as cinco categorias identificadas e são explícitos e incisivos quanto aos problemas identificados, os quais colocam em risco a continuidade da chamada Reforma Psiquiátrica Brasileira, que parece, possivelmente, os autores concordam, numa fase de contrarreforma.

Ainda sobre RAPS, temos o interessante artigo de Oliveira ("Do Desencadeamento Psicótico à Retomada do Laço Social"), com referência teórica e contribuições da psicanálise. A autora articula os desafios da atenção psi aos indivíduos nomeados psicóticos ao que a Rede pode fazer por eles, incluindo-se evitar a estigmatização, reconhecendo-os como apenas diferentes, e funcionar como dispositivo estratégico de mediação entre aquelas pessoas e a sociedade.

Problemas para implantarem-se reformas em saúde mental são bem exemplificados no artigo de Rosa e L'Abbate ("O Desafio dos Leitos em Saúde Mental nos Hospitais Gerais") que descrevem avanços e retrocessos em um hospital no município de Jundiaí-SP, levando-se em conta posições recentes do Ministério da Saúde e de entidades como o Conselho Federal de Medicina (CFM). O referencial teórico adotado é o da Análise Institucional de Lapassade e Lourau.

Numa perspectiva diferente, uma experiência bem sucedida de atenção à saúde mental é contemplada no artigo de Oliveira, Capellini e Castro, que descreve a criação de um Núcleo de Atenção Psicossocial em uma universidade pública do interior de São Paulo. Note-se que a ênfase inicial, dada aos atendimentos individuais, desloca-se para ações coletivas de prevenção e promoção da saúde.

O sexto artigo desta edição traz relato de caso único de um homem portador de sofrimento psíquico, admitido no Instituto Raul Soares, em Belo Horizonte, em cumprimento de medida de segurança, e os efeitos negativos de uma internação prolongada. Os autores Fonseca e Siqueira são precisos em apontar o efeito reverso que pode decorrer dessa situação.

Finalmente, com igual importância, destacamos os artigos de Souza ("Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas em Municípios de Pequeno Porte") e de Braga e Paula Junior ("O abuso de psicotrópicos na atualidade"). Embora tratem de temas bastante diferentes, há um elemento comum em ambas as pesquisas: o abuso das substâncias psicoativas que se verifica nas nossas sociedades contemporâneas, sejam elas substâncias lícitas ou ilícitas.

Souza realizou pesquisa bibliográfica e crítica sobre procedimentos com usuários de drogas em tratamentos de saúde mental em cidades menores e chegou a conclusões importantes associadas às famílias, às singularidades e modelos de regulamentação e à fiscalização da rede assistencial. Braga & Paula Junior refletem sobre o crescimento da indústria farmacêutica e o fenômeno da medicalização da vida, tema menos polêmico que necessário de ser discutido. Afinal, a busca "desenfreada e desesperada pela felicidade plena, mesmo que plástica e artificial", a que eles se referem, tem nos trazido bem viver, individual e coletivamente?

Com a palavra os autores, aos quais agradecemos por estas valiosas contribuições. E a você, caro leitor, esperamos que faça um bom uso das informações e reflexões aqui veiculadas.

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